Angra: Rafael Bittencourt fala sobre preparação do novo disco

Banda faz show nesta sexta-feira no Hard Rock Cafe Curitiba

Com quase 30 anos de trajetória, a banda de heavy metal brasileira Angra, que enfrentou diversas crises por causa das inúmeras mudanças de formação, retorna a Curitiba, com banda renovada e sólida, com objetivo de caminhar para o fechamento da turnê do álbum “Omni” e se preparar para gravar novo disco.

No último CD, o Angra ousou. Buscou a parceria da cantora Sandy (da dupla Sandy e Júnior. Recordam?) e fez uma turnê mundial com mais de cem datas, além de enfrentar a saída de seu consagrado guitarrista Kiko Loureiro, que aceitou o irrecusável convite de Dave Mustaine para ingressar no Megadeth.

Animado, o guitarrista e fundador Rafael Bittencourt conversou com a gente sobre os planos e fez um balanço positivo. Vale lembrar que o Angra se apresenta nesta sexta-feira (31 de maio) no Hard Rock Café Curitiba em festa de aniversário de 04 anos da casa.

Este show do Angra em Curitiba é da fase de encerramento da turnê de lançamento do álbum “Omni”, que teve uma boa repercussão e agradou os fãs. Qual o balanço que você faz desta turnê?

Nós estamos nos preparando para um disco novo e estamos longe dos palcos por alguns meses. Então decidimos fazer uma breve turnê para pegar inspiração com os fãs, contar a eles nossos planos. Compartilhar isso e levar esse calor para dentro do estúdio e ter novas ideias. Foi uma das maiores turnês que a gente já fez, com 104 shows pelo mundo. Já estivemos em Curitiba e agora voltamos para esta festa no Hard Rock Café, prestigiando também o lançamento do livro do Paulo Baron (empresário da banda). Um momento legal que traz bastante inspiração, de comemoração com os fãs e planejamento do novo disco.

E como estão os preparativos para o novo disco. Já existe uma proposta que dá para antecipar?

No último disco “Omni” conseguimos atingir um resultado muito legal. Foi quando consolidamos esta formação com o Marcelo Barbosa (que substituiu Kiko Loureiro, admitido no Megadeth), o Fábio, o Bruno, o Felipe e Eu. O Marcelo por ter sido o último a entrar ajudou a concretizar esta formação. E agora conseguimos confirmar isto. Tínhamos algumas dúvidas em relação se os fãs poderiam achar legal. Alguns fãs ficaram chateados porque o Kiko saiu e hoje não tem mais isto. Existe uma confiança muito maior dos fãs. Confiança da nossa parte de saber que nós podemos arriscar e ir além. A ideia agora é fazer um apanhado dos grandes momentos da carreira, de discos como “Holy Land”, que experimentamos música brasileira, depois o “Temple Of Shadows”, onde criamos muitos ambientes acústicos, muitas dinâmicas, um ambiente também de letras mais soturnas e o “Omni”, onde conseguimos a força da formação atual. Quero unir especialmente estes três álbuns no nosso próximo.

O “Omni” teve a participação da Sandy que foi recebida positivamente. Vocês esperavam esta receptividade do fã de heavy metal, que tem o rótulo de ser radical e poderia demonstrar resistência por ela ser uma cantora que veio do pop, do sertanejo?

Sim. Mas desde o começo o Angra provoca um pouco os fãs, que também precisam abrir a sua visão. O artista tem um pouco a responsabilidade na parte cultural e, também, da educação. A gente precisa mostrar outras maneiras de enxergar, através da arte, ampliar a visão das pessoas. No começo foi uma provocação com ponto de vista artístico muito forte, que a voz da Sandy é muito bonita, angelical. Encaixou-se perfeitamente na música e no personagem da música. Demonstrou que o heavy metal não precisa ser engessado nos seus formatos tradicionais. Ele pode misturar com outros estilos e inovar. A busca pela inovação é que traz algo novo. Não adianta você só repetir formatos anteriores.

Esta turnê do “Omni” teve muitas datas em vários locais do mundo. Teve algum show que foi uma experiência nova para o Angra?

Nós tivemos pela primeira vez na Coréia do Sul, alguns países do Leste Europeu, República Tcheca, Romênia, Polônia. Lugares diferentes. Voltamos para a Rússia. Fazia pelo menos 10 anos que não tocávamos lá. E foi a maior turnê do Angra nos Estados Unidos, com 32 shows. Foi uma grande conquista para a gente.

Entrevista: André Molina