Banda se apresentará nesta sexta-feira (10 de maio)
Em entrevista exclusiva, Gel Fernandes fala de novos trabalhos e a expectativa para show na capital paranaense
Uma das principais bandas de transição do rock nacional da década de 1970 para 1980 vai se apresentar em Curitiba depois de vários anos. Conhecida por emplacar sucessos como “Garota Dourada”, “Eva”, “Põe Devagar” e “Sanduíche de Coração” e invadir os programas de auditório e os rádios no comecinho da década de 80, o Rádio Táxi fará show no Tork ‘n’ Roll na próxima sexta-feira (10 de maio). Atualmente o grupo conta com os originais Gel Fernandes (bateria) e Lee Marcucci (baixo), que se conheceram ainda quando faziam parte da banda de apoio da rainha do rock , Rita Lee.
Vale mencionar que o Rádio Táxi está com um DVD na gaveta, com seis canções inéditas, sucessos ao vivo e depoimentos de ícones do rock brasileiro, aguardando oportunidade para ser lançado. Sobre os detalhes da carreira da banda e lembranças de grandes shows realizados na década de 80 no Círculo Militar e no Ginásio do Tarumã em Curitiba, conversamos com o baterista e fundador Gel Fernandes. Confira este bate papo com muitas lembranças de um período áureo do rock nacional.
Como será o show do Rádio Táxi que acontecerá em Curitiba no Tork ‘n’ Roll?
O show é basicamente composto com nossas músicas de sucesso. “Garota Dourada”, “Eva”, “Com o Rádio Ligado”, “Coisas de Casal”, “Você Se Esconde”. Canções que tocaram muito nas rádios e tocam até hoje. Mesclamos com canções internacionais que gostamos também, como A-ha. Temos um medley com canções de bandas nacionais. Voltaremos a tocar a primeira música que gravamos, chamada “Vai e vém”. Faz tempo que não tocamos. Canções para o público cantar com a gente.
Atualmente o Rádio Táxi conta com dois membros originais. Você e o Lee Marcucci. Você poderia apresentar os novos membros?
Quanto aos elementos da banda. Eu e o Lee dos antigos. Infelizmente perdemos o Wander (falecido em 2008). Vocalista agora é o Fábio Nestares, na guitarra Miltinho Romeno e nos teclados meu sobrinho, Flávio Fernandes. Não são muito novos. Já estão há alguns anos, principalmente o Flavinho.
Quais são os novos trabalhos do Rádio Táxi? Neste cenário em que o disco está perdendo relevância, a banda pensa ainda em gravar discos novos, novas músicas?
Temos um DVD pronto chamado “Três décadas”. Um show ao vivo com público e, em outro ambiente, gravamos seis músicas inéditas. Registramos vários depoimentos de pessoas importantes para nós, como a Rita Lee, Roupa Nova, Titãs, André Christovam. Queremos lançar. Mas mudou tudo na forma de fazer música hoje em dia. Perguntaram ao Mick Jagger porque os Rolling Stones estão demorando para gravar e ele questionou, “Para que se não toca no rádio?”. Se é assim com ele, imagina com a gente. O cenário da música está muito ruim.
O Rádio Táxi teve origem com integrantes da banda da Rita Lee e outros nomes dos anos 70. Como é esta história? Você considera o Rádio Taxi a banda de transição da década de 70 para 80?
Conheci o Wander Taffo no início, que tinha uma banda chamada Memphis, em que ficamos muito tempo tentando ter sucesso. Gravávamos, não dava certo, até que um dia fomos convidados para tocar com a Rita Lee, e o Lee Marcucci, já estava na banda e fizemos outra chamada “Rádio Táxi”, que deu certo. Mas desde os anos 70 tentávamos fazer bandas.
Considero realmente o Rádio Táxi a banda de transição dos anos 70 para 80. Só existia a banda Roupa Nova na época, que vinha de outra banda com nome diferente. Nosso primeiro disco saiu em 1982, mas a música “Garota Dourada” já tocava em 1981. Foi a pioneira, lançada antes do primeiro disco.
Recentemente saíram dois álbuns clássicos do Rádio Táxi em CD. O de 1989 e o “Horóscopo do Amor Perfeito”. Foi a primeira vez que eles saíram em CD? O show vai promover este relançamento?
Os nossos quatro primeiros discos (vinil) foram gravados pela CBS (Sony). Depois saímos da Sony e fizemos dois na RGE, que saiu agora em CD pela gravadora Discobertas, que pegou estes dois discos e passaram para CD. Porém, não fomos informados e não foi ideia nossa. Mas os quatro discos que são da Sony estão nas plataformas digitais. Na verdade eu os tenho aqui que me encaminharam, mas não ouvi ainda. Deve estar bom o som. Os discos originais já possuíam uma boa qualidade. E discos bons. O “Horóscopo do Amor Perfeito” é produzido pelo Robertinho de Recife e o anterior foi produzido por nós. Primeira vez que saíram em CD.
Se tivesse que apresentar um álbum do Rádio Táxi para as novas gerações, qual seria?
Na verdade sou suspeito para falar. Gosto de todos. Vou falar de um disco que a própria molecada vem perguntando muito. Na época lançamos este álbum em um show no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, e foi gravado em VHS na época. Não existia DVD. Muita gente quer saber onde tem este disco, que se chama “Matriz”.
Neste nosso novo DVD que ainda não saiu tem uma canção chamada “Nova Geração”, com novo arranjo e letra atual. É para falar com estes novos fãs que procuram nossos discos.
Faz tempo que vocês não se apresentam em Curitiba. Você recorda dos shows anteriores? Tenho um amigo que sempre comenta de um show de vocês no Ginásio do Tarumã ou no Círculo Militar. Não sei se a memória dele está correta… O que espera do show de Curitiba?
Devido aos problemas que a banda teve no decorrer do tempo faz bastante tempo que não nos apresentamos em Curitiba. Gostávamos muito de Curitiba. Só não curto muito o frio. Tocamos no Tarumã, no Círculo Militar. Com a banda Memphis, que toquei com o Wander, nos apresentamos no Circulo Militar com Demis Roussos, no mesmo dia. Espero ser bem recebido em Curitiba, que temos muito rock para dar.
Rádio Táxi é uma banda que sempre gostou de viajar e fazer show. Esperamos que o povo cante com a gente. Sempre curtimos muito a cidade e infelizmente perdemos contato com um grupo maravilhoso na época, que é o Blindagem.
Sempre me perguntam se não moraria no Rio de Janeiro e digo que gostaria de morar em Curitiba. Gosto muito desta cidade, tem padrão europeu.
O Blindagem ainda esta na ativa…
Tem que estar na ativa mesmo. A molecada precisa ouvir este som. É uma banda muito boa, mas que perdemos o contato. Nós do rock temos que estar sempre batalhando.
Entrevista: André Molina