Saiba o que Föxx Salema pensa sobre a transfobia e o metal nacional

“Eu não sei exatamente o que levou o cenário do Metal brasileiro a ter tanto GADO fundamentalista e reacionário”, diz Föxx Salema.

Föxx Salema não mede palavras. Destaque do metal nacional ela faz críticas ao atual sistema e à guinada ao conservadorismo no segmento. Conheça um pouco mais sobre ela nesta entrevista exclusiva ao SINNERS! 

Sinners – Neste período da pandemia como está divulgando seu trabalho? Tem realizado lives, encontros, algo do gênero?
Föxx Salema – LIVES sim, tenho sim. Em abril eu transmiti uma juntamente com meu marido e tecladista Cleber e nosso amigo e baixista Tony, através do meu perfil Instagram.  Participei de duas, sendo uma no Brasil 247 e me foram agendadas, até o momento, mais quatro. Dessas “futuras” transmissões, uma será após o lançamento do documentário sobre LGBT+s no Heavy Metal brasileiro do Heavy Metal Online e outra com tema similar pela ONErpm intitulada: Orgulho É Poder.

Sinners – Durante um tempo você sofreu boicotes de veículos de comunicação, redes sociais, por causa de sua transgeneridade, acredita que isso já seja algo passado ou ainda tentam boicotar seu trabalho?
Föxx Salema – Infelizmente isso não é um fato do passado. Eu ainda continuo boicotada em alguns veículos de comunicação brasileiros especializados em Metal, e eu ainda sofro ataques virtuais transfóbicos e contra a minha honra.

Sinners – Como avalia o posicionamento e recuo de bandas de Metal (em suas variadas vertentes) que têm legiões (algumas nem tanto) de fãs e se posicionam com posturas direitistas, negacionistas, machistas.
Föxx Salema – Avaliando sob a minha ótica eu penso que é algo lamentável, para se dizer o mínimo. O “pior” é que não é algo tão inesperado ou surpreendente. Eu não sei exatamente o que levou o cenário do Metal brasileiro a ter tanto GADO fundamentalista e reacionário, mas eu penso que: cabe a quem é da oposição mudar o jogo e retomar nosso espaço.

Sinners – No dia em que se comemora o Orgulho LGBTQI+, qual sua opinião sobre a atuação do Estado, se considera que a sociedade evoluiu ou regrediu? Quais seriam as causas?
Föxx Salema – Através da conscientização progressista e principalmente do ativismo e das reivindicações por direitos mais igualitários, a comunidade LGBT+ começou a ter uma melhora em relação a uma vida mais digna na sociedade brasileira. Mas com o atual presidente no governo e a ascensão evangélica e teocrática de teorias conspiracionistas, já houve perda de alguns direitos por parte de pessoas trans e das travestis. O autoritarismo fascista está tentando a todo custo nos apagar da existência do país, mas no que depender de mim, isso não acontecerá. Pelo menos, não enquanto eu estiver viva.

Sinners – No mundo do Metal você se sente, apoiada, respeitada?
Föxx Salema – No geral me sinto sim. O Cleber é testemunha de quantas pessoas, principalmente da comunidade LGBT+, me enviam agradecimentos por eu ser quem sou e fazer o que faço. Para mim é extremamente gratificante saber que sou a fonte de inspiração e a voz de quem muitas vezes é silenciada/silenciado, inclusive no próprio âmbito familiar. Somado a isso ainda existem os elogios ao meu trabalho autoral, não só do público, mas também da mídia especializada; o que ajuda em minha motivação para (nos momentos difíceis) não desistir e continuar cantando e compondo.

Sinners – E para o próximo ano, pensa em lançar algum novo trabalho?
Föxx Salema – Este ano, assim que possível, eu e a minha nova formação de banda entraremos em estúdio para gravarmos um novo single chamado Rebelião. Inclusive a ilustração do mesmo já está finalizada desde o começo de abril, mas em função da pandemia/quarentena nossos planos tiveram de ser adiados.

Quem é Föxx Salema

Föxx Salema é natural de Bragança Paulista/SP, autodidata em canto (e inglês), artista/compositora/intérprete/letrista/musicista/vocalista independente há anos (seus primeiros shows foram em 1996) e uma das pioneiras como pessoa transgênera headbanger/metalhead no Brasil.

​Sua ênfase está em músicas autorais tendo como objetivo a versatilidade e a qualidade sonora num todo, desde a letra criada junto com a melodia vocal até a criatividade do instrumental.

​ Essas composições possuem um lirismo baseado em experiências pessoais, tanto sociais quanto políticas e um instrumental criado através da unificação das diferentes influências musicais existentes.

​ Em 2013 ela lançou digitalmente a canção Constant Fight, disponibilizando também a mesma na íntegra para ser ouvida em seu canal no YouTube.

​ Entre 2015 e 2016 ela formou uma “banda” com seu nome, onde os primeiros shows realizados foram nas cidades de São Paulo e Campinas; já em seu município de origem, Föxx realizou um festival que contou com algumas edições.​

​ No “Halloween” de 2018 ela lançou o single Mankind (Raw Version) e no ano passado (2019) o álbum de Metal chamado Rebel Hearts, onde além desta e outras canções, está presente a regravação da já citada Fight.

​Um lyric vídeo foi feito em celebração há um ano de lançamento de Mankind.

​No Spotify, Rebel Hearts alcançou bons números (88.7 mil streamings, 5.7 mil horas, 607 ouvintes, 57 países) e entrou em listas de “Melhor Álbum Nacional de 2019” da mídia especializada.

​A convite do próprio produtor do programa, Föxx (juntamente com seu marido, o tecladista Cleber) foi entrevistada no Pegadas de Andreas Kisser da 89 FM, A Rádio Rock.

​​ ​Rebel Hearts conquistou o 7º lugar de “Melhor Álbum Nacional de 2019” (entre 117 concorrentes e 20 finalistas) na votação popular entre leitores da revista Roadie Crew.

​​ Após estabelecer uma nova formação de integrantes, o primeiro show oficial (realizado na casa de shows Mister Rock) agradou ao público, sendo um sucesso.

​ Residindo na Grande BH/MG, Föxx segue cantando e conquistando fãs através de sua voz, carisma, musicalidade, profissionalismo e talento.

FONTE: Página oficial do Facebook.