Oswaldo Vecchione, completa 53 anos de rock com Made In Brazil

Dias antes de ser internado, Oswaldo Vecchione concedeu essa entrevista

Na última semana o mundo do rock foi surpreendido pela triste notícia de um AVC sofrido pelo lendário Oswaldo Vecchione, um dos maiores roqueiros de nossa história e líder do Made In Brazil.

Dias antes, Oswaldo concedeu uma entrevista para o jornalista Rômulo Cardoso, especial para o SINNERS e que seria publicada no Dia Mundial do Rock. Em respeito ao músico e familiares, e pelo momento delicado, estamos publicando a entrevista somente agora. Que os deuses do ROCK mantenham sempre a garra e energia de Oswaldo! Já sabemos que está se recuperando e nada melhor que isso para colocarmos no ar.

A seguir, os melhores trechos da entrevista, feita pelo roqueiro old school  e amigo Rômulo Cardoso:

Desenrolei um papo na sexta-feira (10), via internet, com o lendário Oswaldo Rock Vecchione, o grande líder, desde sempre, da também histórica Made in Brazil. Por certo a banda de rock mais longeva em atividade, ininterrupta, no país. Desde o ano de 1967, quando deram os primeiros acordes.

De sua casa, Oswaldo falou sobre o festejado Dia Mundial do Rock, comemorado ainda com entusiasmo no Brasil.

O lendário roqueiro é a personificação da contracultura, da resistência e também um entusiasta, pois nunca deixou de manter a máquina ligada. O Made in Brazil, desde os primeiros dias, sempre fez questão de permanecer literalmente ativo, ao levar rock e rhythm n blues em todos os rincões, palcos grandes, bares pequenos, apertados, sem nunca esmorecer.

Oswaldo considera importante celebrar o chamado Dia Internacional do Rock, principalmente para até “lembrarem” que o movimento está vivo, como brincou. Ressalta, ainda, a importância da data na valorização das bandas que se preocupam em fazer a boa música. “Sem se preocupar em ganhar dinheiro. Tem aqueles que se preocupam em apenas fazer barulho, sem se preocupar com a poesia”, crítica, com propriedade.

Oswaldo, sempre que teve espaço, compôs e cantou de forma livre. Se considera um rebelde, no alto dos 72 anos de idade. Também ressalta que as bandas, devido ao atual momento político do País, estão perdendo a importância. Opina, também, que o movimento dos anos 1980 “fugiu” do rock na essência e esteve voltado ao mercado. “Eu sempre me considerei um rebelde, em pensamento e tentei levar isso para algumas letras, desde o primeiro disco. Lógico, o rock também é diversão e também gravamos e tocamos para divertir e fazer as pessoas dançarem. Mas quando vou escrever uma letra, eu fico afetado pelo momento. E hoje em dia está meio “punk”, não é? Estou tendo um certo cuidado na composição das novas músicas, pois estamos vivendo um momento muito triste, por esse governo e como ele tem afetado o País”, aponta.

Valvulado – Oswaldo é da essência, do disco de vinil. Tem grande apreço por bandas seminais, como The Rolling Stones e os mestres do blues. Tem tatuado o icônico Chuck Berry no braço e parte do seu clássico contrabaixo – instrumento em formato de estrela.

“Eu brinco que sou um valvulado, eu adoro escutar um disco em LP. Eu gosto de comprar um LP e ver as informações na capa, eu acho que o CD perdeu muito na arte, na valorização da capa, como arte, o impacto era muito maior”, disse.

O músico também faz as vezes de empresário no “Made”. Motivo que faz o tempo ficar um pouco espaço para ouvir novidades, boas bandas em atividade, muitas vezes apresentadas por amigos. Para o futuro, ele crava um disco novo, muito em breve. Também quer colocar todo o material da banda nas plataformas digitais. “Estamos comemorando 53 anos sem apoio da mídia. O Made sempre foi uma banda underground, o que nos mantem na estrada foi a qualidade da nossa música, do nosso show, não gravamos discos todo ano pois  é muito caro, os últimos sete ou oito discos, eu produzi com meu dinheiro”, contou.